domingo, 27 de setembro de 2009

Entrevista com o piloto e empresário Nuno Narezzi - 27/09/2009 por FERNANDO LOGGAR - http://www.maisindaia.com.br/entrevistas/

Perfil:



Nuno Narezzi iniciou sua carreira em 1983, incentivado por seu Pai, Gilberto Narezzi. Desde o início, apesar das dificuldades, Nuno sempre pode contar com o apoio da HONDA. Essa parceria Nuno – HONDA se estendeu por toda sua carreira à qual,l foi feita de muita glória e inúmeras vitórias e títulos.
Suas principais características como piloto sempre foram a excelente forma física (fruto de muita dedicação, esforço e disciplina) , uma equipe bem estruturada e o fato de ser extremamente técnico, deixando a espetacularidade de lado em prol da eficiência e resultados.
Em toda sua carreira como piloto profissional de motocross e supercross, Nuno Narezzi conquistou 5 títulos brasileiros e 9 títulos paulistas . Disputou inúmeras provas do campeonato mundial na Europa, Estados Unidos, além disso, teve a oportunidade de conhecer o Brasil de Norte a Sul.
Atualmente Nuno Narezzi é proprietário e dirige a Prolink concessionária Honda em Indaiatuba, fundada em 1983 pelo seu Pai Gilberto Narezzi.


Carreira:


Fernando Loggar: Quando e como foi seu despertar para o MotoCross e o primeiro contato com este esporte?

Nuno Narezzi: Sempre fui apaixonado por motocicletas, desde criança “06 anos” já convivia com motos, meu pai sempre teve motocicletas e me levava para passear e eu adorava. Gostava muito de bicicross, uma coisa acabou levando a outra. Iniciei no MotoCross com aproximadamente 13 anos.

Fernando Loggar: Diante das dificuldades encontradas na época, você pensou em desistir do MotoCross e encarar uma outra atividade?

Nuno Narezzi: Isso aconteceu algumas vezes por falta de patrocínio e acidentes, mas minha família sempre esteve do meu lado nos piores momentos, dando o suporte necessário para me recuperar rápido dos acidentes. Patrocínio é sempre muito difícil no esporte, especialmente no começo da carreira. Passei muitas dificuldades, mas sempre tive a Honda como minha principal parceira.


Fernando Loggar: Quais outras atividades esportivas que você praticou e obteve tanto êxito quanto no MotoCross?
Nuno Narezzi: Gosto de todos os esportes. Sempre fui uma criança ativa. Gostava de nadar, judô, correr, Mountain bike, Skate. Mas nunca competi profissionalmente em outra modalidade esportiva além do MotoCross.


Fernando Loggar: Você considera que a disciplina, dedicação e foco nos objetivos foram os diferenciais para a conquista de tantas vitórias?
Nuno Narezzi: Sem dúvida. Acredito que disciplina e dedicação são fundamentais para se obter êxito em qualquer coisa na vida. No esporte são fundamentais.


Fernando Loggar: Na conquista de seu primeiro título, quais foram os primeiros pensamentos que lhe vieram a cabeça? Houve a emoção de realizar um desejo muito grande ou a vontade de se superar e partir para novas vitórias?
Nuno Narezzi: Em segundos vem um bombardeio de pensamentos “Deus, família, equipe, patrocinadores, amigos, dedicação, disciplina.” Desde então percebi que fica fácil vencer quando se tem um desejo, vontade e visão, as lágrimas são inevitáveis e é claro, vontade de se superar e continuar vencendo.

Fernando Loggar: Como você acredita que seria sua vida hoje se não houvesse essa relação tão grande com o MotoCross? Você consegue se imaginar sem este contato com o esporte?
Nuno Narezzi: Não sei dizer pois não vejo minha vida sem o MotoCross. Não consigo nem imaginar o que eu poderia ter feito. Sou uma pessoa dedicada e obstinada, faço tudo com muita determinação, mas não consigo me imaginar sem o MotoCross.


Fernando Loggar: Qual o grande marco de sua carreira?
Nuno Narezzi: Foram vários... O primeiro título nacional, primeira delegação brasileira para participar do MotoCross das Nações, entre outras.


Fernando Loggar: Você se considera uma peça fundamental para o MotoCross no Brasil? Quais grandes feitos seus são reconhecidos até hoje pela comunidade?
Nuno Narezzi: Sim. Fiz história dentro do Motociclismo Nacional não apenas pelos meus títulos, mas pela inovação tecnológica que sempre busquei no esporte. Acredito que a minha busca por novas tecnologias dentro do MotoCross foram fundamentais para a profissionalização desse esporte no Brasil.


Fernando Loggar: Qual a maior diferença entre o MotoCross na época em que você iniciou e o esporte nos dias de hoje?
Nuno Narezzi: As diferenças estão no avanço tecnológico dos equipamentos e nas novas técnicas de pilotagem (essas questões são inevitáveis, pois há uma evolução natural dos equipamentos e do esporte), e as mudanças no tempo de prova (antes duas baterias de 45 minutos cada, hoje somente 1 bateria de 30 minutos).


Fernando Loggar: Você acredita que em Indaiatuba há um crescimento de interessados no MotoCross? Ao que se deve este aumento?
Nuno Narezzi: Sim, em Indaiatuba temos muitas pessoas que praticam MotoCross por lazer ou profissionalmente. Isso se deve a minha história e a do Rogério dentro do Motociclismo, que estimula as pessoas e também ao fato de termos aqui o CETH e inúmeras provas de reconhecimento Nacional durante o ano.


Fernando Loggar: Recentemente o Portal Mais Indaiá publicou uma entrevista com Jaqueline Poltronieri, competidora de MotoCross. Como você o aumento de mulheres interessadas no esporte?
Nuno Narezzi: Sou Fã numero 1 da Jaqueline, vi ela nascer, treinava no sítio do pai dela. Logo que iniciei minha carreira havia uma categoria somente feminina, pois a quantidade mulheres correndo era bem grande. Recentemente a Mariana Balbi escreveu seu nome na história do motociclismo mundial, ela foi a primeira mulher da história a participar de um mundial na categoria principal, orgulho para nós brasileiros. Eu simplesmente acho lindo uma mulher pilotar uma motocicleta, é o máximo.


Fernando Loggar: Mulheres têm mais determinação e garra que os homens no MotoCross?
Nuno Narezzi: O MotoCross é um esporte muito difícil, diria que bruto, mas as mulheres são tão determinadas quanto um homem, diria que até um pouquinho mais.


Fernando Loggar: Quais os principais diferenciais entre homens e mulheres numa competição?
Nuno Narezzi: Acho que não existe, pois vejo as mulheres competindo e não vejo diferença nenhuma na pilotagem e na estratégia de corrida. Talvez numa colisão, pode ser que a mulher sinta mais em função da estrutura de um homem. Eu já presenciei a Mariana Balbi disputando uma posição com outro piloto e não aconteceu nada.


Fernando Loggar: O que o MotoCross mudou em sua vida?
Nuno Narezzi: O MotoCross foi tudo em minha vida. Me ensinou a ter disciplina, a lutar por meus desejos e objetivos, a competir com ética, a ter respeito pelos meus companheiros, respeitar hierarquias e principalmente superar adversidades. Acredito que sou uma pessoa melhor por causa da minha carreira no Motociclismo.


Curiosidades:


Fernando Loggar: Quem foi o grande propulsor na sua carreira?
Nuno Narezzi: Meu Pai foi quem sempre me apoiou e a Moto Honda do Brasil quem sempre acreditou e me patrocinou.


Fernando Loggar: Alguma vez você pensou em desistir do esporte, após uma derrota?
Nuno Narezzi: Em 1990 sofri vários acidentes e fraturas graves que na época me deixaram desestimulado. Mas dei a volta pro cima e me superei.


Fernando Loggar: MotoCross ainda é uma atividade que depende de muitos investimentos, a falta de patrocínio é uma barreira para que novas pessoas entrem neste universo?
Nuno Narezzi: O MotoCross profissional depende de grandes investimentos para atingir os resultados desejados (ser campeão), porém hoje o acesso a esta modalidade está muito mais fácil e barato, no mercado existem motocicletas e equipamentos com preços acessíveis e muitos campeonatos regionais que os interessados podem facilmente integrar a prática do MotoCross.


Fernando Loggar: A mídia local sempre lhe apoiou, ou você acha que ainda há um certo desinteresse pelo MotoCross na cidade?
Nuno Narezzi: De maneira alguma. A mídia local sempre foi grande divulgadora da minha carreira. Devo muito aos meios de comunicação de nossa cidade. Sempre me apoiaram e incentivaram a minha carreira.


Fernando Loggar: Você já realizou algum tipo de trabalho de incentivo para estimular novos jovens a ingressarem no MotoCross?
Nuno Narezzi: Trabalho em si não, mas muitos jovens e equipes me procuram para ingressar no MotoCross e outros que já estão, me procuram para aprimorar e melhorar dentro da categoria, como tenho conhecimento do assunto faço esse aconselhamento com grande prazer.


Fernando Loggar: Indaiatuba já comportou vários eventos de MotoCross, ainda faltam investimento e estrutura na cidade ou já estamos num bom patamar?
Nuno Narezzi: Indaiatuba realiza competições do Brasileiro e do Paulista de MotoCross e SuperCross desde 1983, aqui sempre tem duas ou três competições das mais importantes do Brasil.
Indaiatuba possui uma estrutura invejável quando se fala de MotoCross em comparação com outras cidades. Prova disso é o CETH (Centro de Treinamento Honda) com toda a infra-estrutura para realizar provas de MotoCross e que já recebeu eventos como o MotoCross das Nações e três Campeonatos Mundiais de MotoCross. Nossa cidade é citada em todo o mundo como referencia no motociclismo mundial.


Fernando Loggar: Ainda há preconceito com mulheres motociclistas?
Nuno Narezzi: De maneira alguma


Indaiatuba:


Fernando Loggar: Possuindo uma loja especializada em motos, você acha que em Indaiatuba há um crescimento no número de veículos de duas rodas em comparação aos carros?
Nuno Narezzi: O carro vende mais que motocicleta. Entretanto a motocicleta vem ganhando seu espaço no mercado em função de ser um veículo de transporte de lazer barato, de baixo custo de manutenção, econômico, com ótimo valor de revenda e excelentes condições de compra.


Fernando Loggar: Constantemente temos o conhecimento de acidentes com motociclistas nas vias da cidade. Na sua opinião, os motociclistas passam dos limites ou os outros motoristas não os respeitam?
Nuno Narezzi: Eu não tenho os números exatos das ocorrências no trânsito, porém o maior problema que vemos é a imprudência e a falta de conscientização.
Não importa quão avançada é a tecnologia, são os seres humanos que detêm a chave para a segurança e a harmonia no tráfego.
 

Fernando Loggar: Qual o perfil do público que frequenta sua loja em Indaiatuba?
Nuno Narezzi: O Público na Prolink é bem diversificado, não dá para estabelecer um padrão. Homens, Mulheres, pessoas que precisam da moto para trabalhar, pessoas que tem a moto por lazer...


Fernando Loggar: Em algum momento você sentiu dificuldades em alguma área de atuação por ser de uma cidade de Interior?
Nuno Narezzi: Nunca. Sempre tive as portas abertas em todos os lugares e colaborei muito para levar o nome de Indaiatuba pelo país e também no exterior.


Fernando Loggar: Comente algum projeto que ainda pretende realizar na cidade:
Nuno Narezzi: Venho realizando ao longo desses anos, através da Prolink, cursos de Pilotagem, direção defensiva, palestras educativas e tenho firmes propósitos e projetos objetivando a prática esportiva como ferramenta de inclusão social entre outros e pretendo continuar com esse trabalho.


Rápidas:


Seu maior medo: Mediocridade
Maior orgulho: Minha família
Maior erro: Querer acertar sempre
Maior acerto: Nunca desistir dos meus sonhos
O que lhe deixa feliz: Estar com a minha família
Lugar preferido: Minha casa
Comida preferida: Feijão com arroz
O que lhe dá vitalidade: Sol
O que te decepciona: Mentira
Sonho: Continuar sonhando


Fernando Loggar: Por fim, deixe uma mensagem para a população de Indaiatuba e visitantes do Portal Mais Indaiá:
Nuno Narezzi: Acredite no poder dos sonhos


(Gostaria de compartilhar com vocês o artigo publicado no portal Mais Indaiá http://www.maisindaia.com.br , agradeço ao FERNANDO LOGGAR a oportunidade de fazer parte de sua coluna de entrevista)

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